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O Trabalho

  • Ked Maria
  • 8 de jul. de 2018
  • 2 min de leitura

Sempre acreditei que o ócio é um período criativo e que pode ser melhor aproveitado. Falo isso de um ônibus, com um todas as cadeiras ocupadas, por passageiros ocupados em uma vida ocupada. Na janela a paisagem urbana grita com um trânsito lento, buzinas, ruas cheias e camelôs. O veículo parou do lado de um homem que aparentava gozar do auge de seus 40 anos, vendendo chinelos, usava os pulmões e placas para anunciar o preço de 10 reais. A pele dourada, a cabeça meio achatada e os olhos cheios de esperança, nordestino.

Comecei analisar aquele homem, o que ele representa naquele amontoado de transeuntes, o que o povo dele representa. Como a mente é fértil não consegui evitar a fantasia, afinal quem aceita sair da terra natal, fugir das desgraças do destino e dos desafios de Deus, buscando viver o sonho da cidade grande, tem que ter muita coragem. É uma coragem gigantesca, porque aqui na metrópole os sonhos e os desejos são massacrados pela a máquina capitalista, sem dó ou piedade. Coragem, pois vieram para ser a base e hoje a ponta da pirâmide olha com desdém para baixo, e boceja o preconceito, negando a necessidade do povo nordestino para construção da pólis.

Em pensar que um dia esse povo forte, resistente, perseverante, sobrevivente e sonhador, teve um lugar seu, só seu. Acho que Canudos deveria ser o El Dorado da América Latina. Um lugar que com a união e vontade de um futuro melhor fez o recanto dá certo, mesmo que por um curto período de tempo. O tempo deles, de respirar, de não ter medo, de vencer a natureza junto, de não vender chinelo no centro de Belo Horizonte.

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