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Pátria Mãe Gentil

  • Flávia Rocha
  • 30 de mai. de 2018
  • 1 min de leitura

Três filhos no chão e um no colo.

Pai e mãe ao mesmo tempo.

Rotina: levantar, preparar o café, deixar a casa no jeito.

Crianças sozinhas, o aperto no peito.

04h30 da manhã e já está na correria.

Ônibus cheio. Atravessar a cidade para chegar ao trabalho.

Arrumando lar dos outros, mas sempre pensando em suas crias.

Única família que lhe resta.

Pedir adiantamento para a patroa,

Ouvir não como resposta

O sorriso sem graça.

O olhar vagando, distante.

Na volta,

Trânsito engarrafado. Tentando ignorar o cansaço.

Casa. Chave. Abraço apertado.

Dá de comer pras crianças.

Conferir lição de casa. Coloca-las na cama. Fazer oração.

Meia noite. Finalmente conseguir relaxar.

Ligar televisão. Propaganda eleitoral. Eles prometem mudanças.

Choro escondido, lembranças do marido:

Carro da polícia, bala "perdida", um corpo, assassino solto.

Apaga a luz. Vai para cama. Alarme toca. Mais um dia.

Hora de acordar, Maria!

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