ESCONDE-ESCONDE

Ela não gostava de esconde-esconde. Ao brincar, ela achava que os colegas não sentiriam a falta dela e, assim cairia no esquecimento. Então, por ser muito tímida, sentava no chão do corredor da escola e conversava com o vigia durante o intervalo. Ao crescer, ela continua a não gostar da brincadeira, mas com uma visão diferente, compreende que a brincadeira sugere uma oportunidade de ficar sozinho, quietinho em algum lugar. E entende que às vezes, ficar sozinho é bom, sem pensar em nada ou se pensar, o único pensamento ali é o seu. É confortante!

Ela também sente necessidade de ficar sozinha, ainda mais com o dia a dia tão confuso e estressante. Então, ela precisa de paciência e com leveza começar a contagem até dez para continuar a brincar. Ah, mas ainda sim, o medo de ser esquecida é presente. O mínimo que ela pode desejar, é que você odeie esconde-esconde tanto quanto ela, mas se não, ela espera que quando a brincadeira acabar você lembre dela.

#Crônica